A pressão na rede de incêndio é responsável por garantir que a água chegue com intensidade suficiente até os pontos de descarga, assegurando a eficácia no controle das chamas. Sem pressão adequada, o sistema pode falhar justamente no momento em que ele é mais necessário.
Segundo as normas brasileiras da ABNT e as instruções técnicas do Corpo de Bombeiros, existem valores mínimos de pressão e vazão que devem ser atendidos em qualquer projeto de prevenção contra incêndios. A conformidade não é só uma exigência legal, mas também um fator de segurança vital.
Neste artigo, vamos detalhar o que é a pressão na rede de incêndio, quais normas regulamentam o seu dimensionamento, como realizar o cálculo adequado, os fatores que mais influenciam esse parâmetro e quais boas práticas ajudam a manter o sistema eficiente. Continue a leitura!
O que é a pressão na rede de incêndio e por que ela é importante?
A pressão na rede de incêndio corresponde à força exercida pela água dentro das tubulações do sistema. Esse parâmetro é crucial porque define a velocidade e a distância do jato de água liberado por hidrantes e sprinklers. Quanto maior a pressão, mais eficiente será o alcance e a dispersão no combate às chamas.
Se a pressão for insuficiente, o jato de água pode não alcançar o foco do incêndio, comprometendo toda a estratégia de contenção. Por outro lado, pressões excessivas podem sobrecarregar válvulas e conexões, provocando rompimento de tubulações ou desperdício de recursos. O equilíbrio é, portanto, a chave para a eficiência e a segurança do sistema.
Normas e regulamentações sobre pressão na rede de incêndio
A legislação brasileira é bastante rigorosa quando se trata da pressão na rede de incêndio, justamente porque dela depende a eficiência do sistema no momento mais crítico.
A principal norma é a ABNT NBR 13714, que trata dos sistemas de hidrantes e de mangotinhos. Ela determina critérios de pressão mínima e vazão obrigatória, considerando sempre o ponto mais desfavorável da rede.
Já para os sistemas de sprinklers, a referência é a ABNT NBR 10897, que define exigências específicas de acordo com a classificação de risco da ocupação (baixo, médio ou alto).
Além dessas normas, os Corpos de Bombeiros estaduais publicam instruções técnicas próprias (como a IT-22 em São Paulo e a NT-17 em Minas Gerais), que detalham parâmetros adicionais e servem como base para a emissão do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
Requisitos mínimos de pressão para redes de incêndio em edificações
Nos hidrantes, a NBR 13714 exige que a pressão residual mínima garanta a vazão de 300 L/min em hidrantes de 40 mm e 900 L/min em hidrantes de 65 mm, mesmo quando operando no ponto mais desfavorável da rede.
Para os mangotinhos, que são equipamentos de uso simplificado, a norma prevê pressões menores, já que eles trabalham com vazões reduzidas, entre 80 e 100 L/min.
Quando falamos em sprinklers, a lógica é diferente. A NBR 10897 estabelece que cada chuveiro automático deve receber pressão adequada ao risco da ocupação. Em locais de risco leve, como escritórios, escolas e residências, as pressões podem variar de 0,5 a 1,2 bar por ponto.
Já em áreas de risco especial, como depósitos de combustíveis ou indústrias químicas, a pressão mínima pode ultrapassar 2,0 bar por sprinkler. Esses números mostram que o cálculo não é genérico: ele deve ser adaptado à realidade de cada edificação.
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Consequências de não atender às exigências legais
Ignorar as exigências normativas pode ter efeitos sérios. Do ponto de vista legal, o Corpo de Bombeiros pode reprovar o projeto e negar a emissão do AVCB, documento essencial para o funcionamento de qualquer edificação. Em casos mais graves, há risco de interdição imediata do imóvel e aplicação de multas.
Mas as consequências mais perigosas vão além da burocracia. Se um sistema não atende aos parâmetros mínimos, ele pode falhar em uma emergência real. Isso significa que hidrantes ou sprinklers podem não funcionar, comprometendo a evacuação, o controle do incêndio e a preservação da vida humana.
Nesses casos, além das perdas materiais, existe também o risco de responsabilidade civil e até criminal para engenheiros e gestores responsáveis pelo sistema.
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Como calcular a pressão na rede de incêndio
O cálculo da pressão deve considerar três variáveis principais: altura manométrica total (HMT), perdas de carga e vazão requerida.
- Altura manométrica: é a diferença de nível entre o reservatório e o ponto de descarga.
- Perdas de carga: representam a resistência ao escoamento da água dentro da rede de tubulações, causada por atrito em tubos, válvulas e conexões.
Essas perdas são normalmente calculadas pela equação de Hazen-Williams, padrão em projetos hidráulicos. Por fim, é preciso garantir a vazão mínima exigida pelas normas para cada tipo de sistema.
Um ponto importante é entender os diferentes tipos de pressão:
- Pressão estática: medida quando não há escoamento de água;
- Pressão dinâmica: medida durante o fluxo;
- Pressão residual: valor obtido no ponto mais desfavorável, com a rede em operação. Este é o parâmetro mais importante para comprovar a eficiência do sistema.
Exemplo prático
Em um edifício de 10 andares, com cerca de 30 metros de altura, equipado com hidrantes de 40 mm que exigem 300 L/min, o cálculo começa pela altura geométrica: 30 m equivalem a 3 bar de pressão.
A isso somam-se as perdas de carga da tubulação, que podem chegar a 20% adicionais. Ainda assim, no último pavimento, deve-se garantir que a pressão residual mínima exigida pela norma seja alcançada.
Se a gravidade não for suficiente, será obrigatória a instalação de uma bomba de incêndio, dimensionada conforme a ABNT NBR 16704, para assegurar que a pressão nunca caia abaixo do limite em nenhuma condição de uso.
Fatores que influenciam a pressão na rede de incêndio
Diversos aspectos impactam diretamente a pressão disponível no sistema. O diâmetro e material das tubulações são determinantes: tubos estreitos ou de material inadequado aumentam significativamente as perdas de carga.
A distância e o desnível vertical também exigem compensações, pois quanto maior a altura a vencer, maior a pressão requerida.
Outro ponto é a vazão simultânea: se dois ou mais hidrantes ou sprinklers forem acionados ao mesmo tempo, a pressão em cada ponto tende a cair. Além disso, as chamadas perdas localizadas, geradas por válvulas, registros e curvas na tubulação, podem prejudicar o desempenho se não forem previstas corretamente no cálculo.
Problemas comuns relacionados à pressão na rede de incêndio
Os problemas mais frequentes são a pressão insuficiente ou, em alguns casos, a pressão excessiva. A insuficiência pode tornar o sistema inoperante no momento do combate, enquanto o excesso gera riscos como golpes de aríete e rompimento das tubulações.
Alguns sinais de alerta incluem ruídos anormais durante os testes, baixa vazão nos hidrantes, sprinklers que não pulverizam adequadamente e vazamentos recorrentes. Esses sintomas indicam que a rede precisa de ajustes imediatos.
Como manter a pressão correta na rede de incêndio
A manutenção preventiva é essencial. A NBR 16704 determina inspeções periódicas e testes anuais de bombas de incêndio, que verificam se a pressão residual está dentro dos parâmetros.
Também é recomendado realizar testes de fluxo em hidrantes e sprinklers, medindo a pressão efetiva em operação.
O uso de manômetros e registros de teste é fundamental para acompanhar o desempenho da rede. Hoje, muitos sistemas contam ainda com sensores digitais de monitoramento em tempo real, que emitem alertas automáticos em caso de queda de pressão.
Boas práticas de instalação e manutenção de tubulações
Um sistema de combate a incêndio só será confiável se utilizar materiais adequados e contar com instalação profissional. Tubulações em aço carbono, galvanizado ou ferro fundido são as mais indicadas por sua resistência a altas pressões e temperaturas.
A instalação deve ser feita exclusivamente por engenheiros habilitados e empresas credenciadas, seguindo os critérios normativos. Após a execução, inspeções regulares são indispensáveis para detectar corrosão, obstruções e vazamentos, garantindo que o sistema permaneça funcional ao longo dos anos.
A pressão na rede de incêndio é um parâmetro que vai muito além de um simples cálculo hidráulico: ela representa a linha que separa um sistema eficiente de um risco invisível.
Respeitar as normas da ABNT NBR 13714 e NBR 10897, realizar cálculos precisos e investir em manutenção preventiva são medidas de segurança que salvam vidas e protegem patrimônios.
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